Desejava escrever, cantar, pintar o meu amor por ti, o meu sofrimento pelo mundo.
Mas não consigo, não sou eximia em nenhum desses dotes para poder fazer algo tão complexo como explicar o que é o amor, pintar o som da respiração sôfrega quando me tocas ou cantar aquilo que sou, aquilo que me mais me doi.
Faltam-me as palavras, os pincéis, a voz! Falta-me! E cada vez que me falta só me apetece arrancar aquilo que os outros têm, rasgar-lhes os pulmões com as minhas unhas, arrancar-lhe as cordas vocais com os meus próprios dentes e sorver as palavras que o seu sangue jorra...
Mas não consigo chacinar aqueles que embelezam o mundo, esse desejo de possessão fica enclausurada dentro de mim...
Então, não conseguindo escrever, pintar e cantar a vida, eu vivo-a, vivo-a pelos que a pintam, a escrevem, a cantam, em vez de descrever cada pedaço de pele que as minhas unhas retiram das tuas costas a cada penetração, eu arranco, em vez de pintar um beijo selvagem, eu dou-o, em vez de cantar a vida, a dor, o amor eu vivo-os a cada segundo, por vezes um de cada vez, outras todos juntos de uma maneira que ninguém conseguiria alguma vez escrever, pintar, cantar...
é difíci. dói. custa. mas não deixes de tentar dizer. sentir pode ser doloroso mas nunca é ingrato. não te esqueças disso. btw, adorei este
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