quarta-feira, 30 de março de 2011

Foi no sangue e na dor que a vi, ao longe, tingida de vermelho...não, quem estava tingida de vermelho era eu, ela era branco puro, brilhava mais que as estrelas do céu que jamais vi...
Corri, sem olhar para trás mas nunca lá cheguei, caí a meio, todos caímos a meio. Caí sobre corpos putrificados, sem vida, ignorantes. E ela gozava comigo, ainda brilhante, ria-se, enquanto eu chorava, embebedida em sangue, como o pano que estagna o sangue que flui sem parar, eu era o pano e tudo era a ferida...
Eu era apenas a criança que a desejava, e ela destruiu-me, nunca se deixando alcançar. Ouvia ecos do seu riso, e tudo em mim era dor, desespero por aquela luz que brilhava, então, no meio de cadáveres irracionalmente ignorantes, levantei-me, eu, a papa de todo o sangue, dor e escuridão, e ri-me também. Dei gargalhadas que a assustaram, ri-me, ri-me, ri-me, ri-me como quem se ri quando chega ao fim da meta, ri-me como quem mata e no fim, regozijei-me após um bom orgasmo de gargalhadas abafadas pela escuridão.

Porque descobri que, no final só resta o cinismo, quando a esperança já há muito se foi.

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