Hoje, a meio da noite acordei, e sentei-me na cadeira, aquela cadeira cor de laranja que jamais combinará com o meu quarto, e olhei para janela, a vista belíssima da casa do meu vizinho da frente, olhei para cima, e o céu estava lá, no mesmo sítio de sempre, negro, bruto, como um diamante, vazio, fútil…
Fiquei assim durante algum tempo (ou talvez fosse bastante tempo...não sei já), vazia, a olhar para o céu escuro, esperando ver a lua, enquanto pensava em toda a minha vida, o meu pai, a minha mãe, aquelas pessoas ignorantes e fúteis a que poderia ter sempre chamado de amigos, mas que decidi nunca o fazer, naquele que me acordou, entre tantos outros que nem vale a pena mencionar, mas ela não apareceu... então chorei, como chorava todas aquelas noites antes de ter acordado, pois a noite era a única parte do dia em que eu vivia. Enxuguei as lágrimas e olhei para a minha cama, tão semelhante ao bruto céu, Vou dormir, pensei, deitei-me na cama e desatei a chorar outra vez...lágrimas tão vivas, tão cheias de sentimento que me deixaram oca outra vez, o sentimento dentro de cada brilho daquelas pequenas e inúteis gotas de água e cloreto de sódio, transcendia-me. Olhei para elas e levantei-me outra vez, contemplei para o céu, onde a lua não brilhava, voltei o meu olhar para a cama fria, e molhada, onde tu não estavas, e pensei, é isto a solidão?
Eu sabia a resposta, demorei 16 anos a responder àquela pergunta, e agora, no meio de uma noite como as outras, tão normal, onde muitos dormiam e muitos outros conspiravam, matavam, violavam, choravam, gritavam e viviam o êxtase do paraíso. cheguei á conclusão que, estar sozinha, não é estar só, mas estar abandonada, é a verdadeira solidão, e nessa noite, senti-me verdadeiramente só…
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